"O exílio nos compele, estranhamente, a pensar sobre ele, mas é terrível de experienciar. Ele é uma fratura incurável entre um ser humano e um lugar natal. Entre o eu e seu verdadeiro lar: sua tristeza essencial jamais pode ser superada. (...) As realizações do exílio são permanentemente minadas pela perda de algo deixado para trás, para sempre." Edward Said.
sábado, 29 de março de 2008
“Sou professor a favor da decência contra o despudor, a favor da liberdade contra o autoritarismo, da autoridade contra a licenciosidade, da democracia contra a ditadura de direita ou de esquerda.
Sou professor a favor da luta constante contra qualquer forma de discriminação, contra a dominação econômica dos indivíduos ou das classes sociais.
Sou professor contra a ordem capitalista vigente que inventou esta aberração: a miséria na fartura.
Sou professor a favor da esperança que me anima apesar de tudo.
Sou professor contra o desengano que me consome e imobiliza.
Sou professor a favor da boniteza de minha própria prática, boniteza que dela some se não cuido do saber que devo ensinar, se não brigo por este saber, se não luto pelas condições materiais necessárias sem as quais meu corpo, descuidado, corre o risco de se amofinar e de já não ser o testemunho que deve ser de lutador pertinaz, que cansa mas não desiste.
Boniteza que se esvai de minha prática se, cheio de mim mesmo, arrogante e desdenhoso dos alunos, não canso de me admirar”.
(Paulo Freire, 1996)
terça-feira, 18 de março de 2008
Amélia
Fruta mordida por entes ancestrais.
Quase verso cansado em busca de chave de ouro,
Quase esboço carente de acabamento e inflexão.
União inconstante das dádivas divinas ,
Campo fértil e furioso das incertezas bailarinas.
Luminosa na essência,
Porém, partilha das crisálidas como forma.
Refina o acabamento da lagarta
Sem, no entanto, perceber que voa com o esmero das borboletas.
sábado, 15 de março de 2008
terça-feira, 4 de março de 2008
Delírio nº 54 – Conexões Desintegradas
Quantos medos te roubaram?
Frios dosséis ornamentando o que não se afirma nem se esvai,
Usufrutos desconexos de alianças vadias,
Torturando o medo que ainda lhe parece o melhor ungüento.
Seria a dor uma forma elegante de suportar a existência?
Talvez o rastro ígneo de nós mesmos seja um átimo de desatino que liberta um veio lírico,
Fincando os sonhos que insistem em revoar das planícies de nossas crenças.
Pois, para toda dor, os deuses nos doaram grãos surdos de poesia... Despertá-los.
Delírio nº53- Para um beija-flor sorrindo
Tú és parte essencial dos desígnios numinosos.
Círculo, laço,
compasso perfeito de minhas composições...
distrações... profusões...
Artifício-artefato de Dionísio (ou de Afrodite?)
para me plantar em meio ao jardim das musas.
Por entre acácias, cravos e alecrins
sorvo o aroma onírico e almiscarado que jorra de tua presença,
já não mais casual e calculada, devo dizer-te.
Sobretudo, tua-minha onipresença:
Arraigada.
André Luis Santos