quarta-feira, 7 de abril de 2010

Haiku pedagógico

O aluno dorme,
ruidosa a classe observa.
são duas formas do não-pensar.

Surto

O grito surdo espancou
o silêncio frio que
atormentava a mente.


Porém, nenhum surto
é mais potente
que os gritos cegos
de poesia que me
troxeram até aqui.

Nenhum lampejo
de insanidade pode
dirigir minha vontade.

E, eu, menos arremedo
que chave de ouro
consigo trilhar minha
própria via ápia.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Considerações sobre o filósofo dormindo...

Cada letra que brota da pena
mascara a angústia que, implacável, há de surgir.
E, por mais que a reflexão se faça plena,
sempre há um ponto mais por discernir.


O horizonte caminha ferrenho
a cada linha que se agiganta no papel

rasga o tino dos meus objetos
e, quando menos se espera, multiplica minhas quase-certezas vadias,
tornando os caminhos infinitamente mais amplos.

só o papel e os sonhos de pó e nuvem valem o prazer
de carregar meus longos e saborosos
dias de buscar o que não se vê...

nem se busca.